Wednesday, June 27, 2007

Moacyr Silva - Sex Sax (1966)

This album is being posted with the help of Luis Fernando Verisimo, I read today an old column written by the renowned Brazilian writer (and also sax player). The year was 2002, just a couple of days after Moacyr Silva passing. Verissimo made a comparison between Moacyr and Bob Fleming, anyway, Verissimo's text is available bellow.

This is Moacyr Silva e Seu Conjunto - Sex Sax (1965), for Copacabana, one of the most relaxed Moacyr Silva albums I have ever heard. The repertoire is based on several different genres, such as Samba, Blues, Beatles and a composition by Moacyr Silva, Moacir and Blues. Personnel is not credited, but the organ player has that style that will make you think about Ed Lincoln or Walter Wanderley. Do not miss Luis Fernando Verissimo writing before tracks. Tracks include:

Verissimo - De Bob Fleming a Joe Bean

Morreu, há poucos dias, o Bob Fleming. Quem é da minha geração (ainda deve haver alguém consciente por aí, alô?) se lembra do Bob Fleming. Sax tenor. Seus discos vendiam muito no Brasil, mas de repente ele parou de gravar e desapareceu. Nunca se soube por que. Na verdade, nunca se soube nada sobre Bob Fleming. Pelo nome era americano e branco, mas os discos não traziam sua biografia, não traziam sua foto, não traziam nem o nome dos músicos que o acompanhavam. As publicações especializadas em música o ignoravam, nos Estados Unidos ninguém o conhecia. Qual era o mistério? O mistério, soube-se muito depois, se chamava Moacyr Silva. Um grande saxofonista negro brasileiro que teve o reconhecimento que merecia, principalmente dos seus pares na música, mas sucesso, sucesso mesmo só teve quando foi Bob Fleming por um breve e melodioso momento. Quando o seu sax e, vá lá, algumas cubas-libres transformava qualquer agarração juvenil em romance de filme.

Moacyr Silva não tinha o físico para sustentar o pseudônimo, ao contrário, por exemplo, do Farnésio Dutra e Silva, que além de competente pianista tinha a pinta, e uma voz de barítono adequadamente sinátrica, para ser Dick Farney a vida toda. Na mesma época em que Moacyr Silva virou Bob Fleming (e outro pseudoamericano chamado Ed Lincoln também fazia sucesso no Brasil) , Cauby Peixoto virou Ron Coby e foi tentar fazer sucesso nos Estados Unidos. Ainda não era a hora. Uma das conquistas da bossa nova foi que, depois do seu estouro lá fora, ninguém mais precisou ser Ron Coby ou coisa parecida em lugar algum. Gente como o Ivan Lins e o João Bosco, sem falar no João Gilberto e descendentes, tem um grande público nos Estados Unidos, qualquer músico brasileiro tem um grande público no Japão e não é exagero ufanista dizer que hoje o Caetano, sem precisar se chamar Kay Tanner, é considerado o melhor cantor do mundo. Aliás, quem disse que ele é foi um crítico do "New York Times". E o porteiro do edifício do Tom em Nova York só chamava ele de Joe Bean ("Where have you been, Mr. Bean?") porque tinha entendido "Jobim" errado.

Infelizmente, o progresso de Bob Fleming para Joe Bean não ensinou muita coisa a um país onde nenhum edifício novo tem nome em português e entrega de pizza se chama "delivery".

O tempo é o senhor da verdade e da razão...

01 - Apelo (Baden Powell / Vinicius de Moraes)
02 - Yesterday (John Lennon / Paul McCartney)
03 - Só Resta o Meu Tormento (Moacyr Silva / Isis Rosa de Castro)
04 - Meiga Presença (Paulo Valdez / Otávio de Morais)
05 - The Shadow Of Your Smile (J. Mendel / Paul Francis Webster)
06 - Menina Flor (Luis Bonfá / Maria Helena Toledo)
07 - Big Nick (J. Booker)
08 - Vem Chegando a Madrugada (Noel Rosa de Oliveira / Zuzuca)
09 - Moacir And Blues (Moacyr Silva)
10 - Leme (Victor Freire / Armando Cavalcanti / Roberto Nascimento)
11 - Love Letters (V. Young / E. Heyman)
12 - Eu Compro Essa Mulher (Erlon Chaves / David Nasser)

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